Omagio a Eikoh Hosoe, de Cicchine

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Assunto

Cansei de falar de amor.
Aquelas velhas canções
Estão todas vencidas e
Amareladas de dó.

Novas canções nascerão
Cheias de graça e cor.
Lá vem elas fervilhando
A ponta dos dedos.

Sonhos, felicidade, flores.
Céu, areia, miado do gato.
Tanto há do que se falar
Que a tinta chega a confundir-se.

Querem saber a verdade?
Vou falar de nada, não.
Poesia já fala só por existir
Num papel qualquer.

domingo, 29 de novembro de 2009

Não tenho cor!
Não sou céu,
Não sou maçã,
Nem asfalto.
Que cor é o nada?

Não tenho cheiro!
Não sou rosa,
Não sou lixo,
nem chuva.
Cheiro de incolor existe?

Não tenho idade!
Não sou relógio,
Não sou sol,
Nem calendário.
Quantos anos tem o eterno?

Não tenho sentimento!
Não sou amor,
Não sou ódio,
Nem indiferença.
Como sente-se o invisível?

Tenho apenas a certeza
De onde eu vim
E para onde eu vou.
Tudo para ser perfeita.
Enfim, sou alma.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

O final

- Esta pode não ser a escolha que mais nos fará feliz, mas certamente é a escolha mais sensata - dizia ela tentando disfarçar a vontade de chorar.

- Então você não me ama mais, é isso? - perguntou ele intrigado e com o coração dolorido.

- Amo e muito. Entretanto, desta vez, tomo a decisão com a razão e não com o coração. Como lhe disse, estou sendo sensata - respondeu ela com a voz variando entre a doçura e a firmeza.

- Ah, então é sensato acabar novamente? É sensato deixar de ver pra sempre a quem se ama?

- Nessas condições é.

- Que condições?

- Ora poxa! Parece até que te esqueces! Há muito que já não caibo na tua vida. Ter você esporadicamente, sem poder mostrar ou dizer ao mundo que - novamente - é meu não me satisfaz. Aumenta o amor e por conseguinte a dor.

- Quer que eu escolha, então?

- Isso é óbvio, não é? - perguntou ela já perdendo a paciência, entretanto o encarando com bondade.

- Preciso de tempo para escolher. Lhe amo muito, mas também gosto dela. E como bem sabe existem outros fatores.

- Eu sei disso. Tem seu tempo.

- Além do mais , nem sei ao certo quem sou. Como poderei escolher quem quero?

- Pois então, façamos o seguinte: O dia que souber quem você é, volte a me procurar. Entretanto, assim como tem seu tempo, também tenho o meu. Não prometo lhe esperar.

- Está certo. Cuide-se.

Ele a beijou e quiseram eles que esse beijo fosse eterno, mas não era: era o fim e ela sabia disso.

Ela fechou a porta do carro, entrou em casa lentamente e pensando: " É o fim. Terminei com ele finalmente. Deveria estar aliviada, entretando trago o coração em pedaços".

E foi assim que a estória terminou. Nunca mais se viram, nunca mais se falaram, nunca mais se esqueceram. O início da estória fica para outra ocasião, é deveras longo e atualmente, ainda causa dores no coração.

domingo, 8 de novembro de 2009

Eu

Vago pelo mundo sem mapa.
Minhas pernas são trêmulas
E o coração bate em disparate.
Não tenho amor, nem caminho.

Entre pedras plantei minha ilusão.
Germinei sementes vazias.
Colhi desesperança viva.
Colhi amor morto.

Meus olhos não cheiram.
Minha boca não tem tato.
Meus ouvidos estão mudos.
Não sinto você, nem eu.

Se quiser vir comigo
Em meu caminho, não venha.
Não sei para onde vou,
Nem tão pouco, quem sou.