Omagio a Eikoh Hosoe, de Cicchine

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Cotidiano #2 (aos domingos)

O tédio lhe escorria pelos dedos,
Não havia nada o que se fazer.
A casa estava toda vazia,
O coração estava todo vazio.

Já havia esvaziado todos os pensamentos,
Já havia andado pela casa inteira,
E o nada ainda persistia em estar ali
Lado a lado no seu travesseiro.

E há dias em que a rotina atrapalha,
Mas há dias em que a completa falta
Desta rotina causa pavor.
Sem rotina, sem horários, sem nada.

Para acabar com o tédio, que fazer?
Ela pensou, pensou e só uma solução
Veio-lhe a cabeça: Boa noite, amigos,
A cama há de me salvar.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Cotidiano #1


Quis soltar as alegrias, uma a uma,
Abriu a boca, fechou, abriu mais.
Não saiu nada, nem um trisco de alegria qualquer.
Como haveria de sair algo que nem existe, enfim.

Sentou-se no canto da sala, amuado,
Olhou para a janela, pousou um pássaro,
Ele se debatia, queria entrar, mas ela,
Não sairia da sua realeza para lhe abrir caminho.

Notou a cor do dia, era cinza e belo,
Mas no seu íntimo algo incomodava.
Incomodava mais que o azul do céu,
Mais do que a claridade e o trabalho espalhado sobre a mesa.

Que haveria de tanto incomodar um pobre
E tão jovem coraçãozinho?
Que monstros ou que dor incrível
Morava naquela mente fechada?

E que respostar encontrar em meio à rotina,
Se nem para o pássaro que vinha
 Trazer-lhe boas novas, a pobre
Garota teve tempo de sobra?