Omagio a Eikoh Hosoe, de Cicchine

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Conversas informais

-Oi, como vai você?

(Não sei, definitivamente, não sei. Está tudo estranho aqui. Sinto-me meio fraca, meio indiferente, muito estranha. Está escuro e cansativo e parece que quanto mais eu ando, mais eu me perco de mim. Estou confusa e com medo, mas nem sei do que tenho medo e qual é o real motivo dessa confusão. Tenho sensações estranhas de que estou caindo no mais completo vazio e bem, você talvez não saiba, mas o vazio é algo que muito me incomoda. Apavora-me o nada ter e o quase nada sentir. Sou acostumada a sensações, sabe? É, acho que não estou bem. Tenho sustentado mentiras. Mentiras para o mundo e para mim mesma. Inclusive, provavelmente, eu minta pra você agora. Mas não se magoe, não é por maldade; é mais uma necessidade de te livrar do meu peso. Uma mentira boba, todo mundo conta. Será que seriamos mais felizes sendo sinceros? Talvez esteja até bem, comparando com... enfim, sempre tem quem não está bem. Sinto-me meio nauseada e parece que a causa é o ar que eu respiro ou o peso de viver uma vida estranha. Ando desconcentrada e alheia. Ando perdida, é isso. Ou não. Bem, não sei deveras quem sou, como é que eu poderia lhe responder como estou?)

-Olá, eu estou bem e você?

segunda-feira, 22 de outubro de 2012


De céu e sol, escolheu o caminho.
E caminhando, amarelou.
Amarelou aquele sorriso.
Amarelou de esperar a chuva cair.

E sem chuva, o cinza não suavizava.
O coração batia amarelando girassol,
E o sangue nas veias escorria canção,
Que não era feliz, apenas era.

De seca e pó, caminhou até os pés doerem,
Procurando sentido de caminhar,
Procurando amor na próxima esquina.
Mas parece que não tinha.

Esperançosa como os olhos e o jardim,
Continuou a percorrer pedras e espinhos,
Procurando rosas de amor, mas essa
Era uma rosa que há muito havia murchado.