Omagio a Eikoh Hosoe, de Cicchine

segunda-feira, 15 de março de 2010

Ao amor de lembrança-sonho

Se você cantar,
Eu sonho. Sonho imensamente.
Sonho sem dormir.
Sonho até sem acordar.

Se eu sentir seu cheiro no quarto,
Eu me calo, eu me contorço,
Pra poder guardá-lo em mim,
No meu seio aberto.

Se você voltar,
A porta estará aberta.
A porta da frente, a dos meus olhos
E a do meu ser tão seu.

Se você dormir,
Eu olho, eu zelo, eu cuido,
Pra que nunca mais acorde
Longe de mim de novo.

Se você casar,
Eu coloco vestido branco,
Flor de laranjeira no cabelo
E digo sim, sem fugir.

Se você amar,
Eu escuto, eu deliro,
Faço-lhe uma poesia
Para eternizar o amor.

Se você beijar,
Fecho os olhos, calo os ouvidos,
Sinto com a língua
Tudo que tem para dizer.

Mas se você nunca voltar,
Se você nunca existir,
Se você desaparecer,
Se você for sonho de sempre.

Guardo-lhe numa caixinha,
Com um bilhetinho dizendo:
"O amor é assim, nem sempre
Existe deveras, meu amor".