Omagio a Eikoh Hosoe, de Cicchine

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Us ou poema cru


 Me chupa
Como sorvete
Como eu
Me lambe
Como calda
Quente
A minha pele

Me morde
Me aperta
Me bate
Desenha seus dedos
Nas minhas costas
Desenha estrelas
Nas minhas estrelas

Me beija
Ofegante
Não respira
Só me beija
Me lambe
Sua língua
Muda

Mudo
Mudamos
A posição
A respiração
Os gemidos
As palavras
Puta
Puto

Esquece
O mundo
Seu sexo
No meu
Na minha língua
Na minha vagina
Mora aqui dentro
Um instante
Uma eternidade

Goza
Explode as paredes
Testemunhas
As únicas
Eu grito
Eu imploro
Me fode
Me morde

Um mosquito
Uma cama
Desarrumada
A vida
Ofegantes
Desesperados
Perdidos
Só há agora

Sexo
Apenas
Não há amor
Só saliva
Mãos
Desejos
Seu pau
Nosso desejo

Arranho
Sorrisos
Marcas de bocas
De dedos
De sexos
Saliva e
Suor
Gemidos

Deixa
Os vizinhos
A vida
Lá fora
Invejem-nos
Me beija
Gememos
No compasso

Nossa dança
Nosso ritmo
A trilha sonora
Esquecida
Não importa
Se era indie
Se era Led
Era sexo

Me chupa
Me geme
Me lambe
Me beija
Me come
Me morde
Me puxa

Me fode
Não como
Filho da puta
Me fode
Como animal
Instintivo
Somos
Farei o mesmo

Danieli Buzzacaro
05/01/2017