Omagio a Eikoh Hosoe, de Cicchine

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Sinto falta do tempo

Que não te amava

Quando pensar-te

Não causava arrepios.

E olhar para as estrelas

Não era procurar o teu sorriso.
E ouvir certa música

Não era cobrir-me em prantos.


Entretanto, antes de amar-te,

Não havia os dias de alegrias

E esperanças que se colorem

Descolorindo.

Sem o (seu) amor.

Não há a vontade de buscar

E bem querer é uma expressão vã.

Não há necessidade de ler mensagens

Nem sorrir, só pela satisfação

De te sonhar.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Girassol

E tudo que acontece
Já não é mais percebido por outrém.
Seu infinito ressaltou-se,
Particular e exclusivo.

Saudades dolorosas de seu bem
E de qualquer outro lugar da Terra.
Já sentia quase indiferença de tudo,
Com um quê de medo.

A insensibilidade do mundo
Quase a corrompera,
Não fosse pelo amor nas veias
E o coração não aguentaria.

Quão belo é o jardim
Em seu infinito; Invisível
Á olhos e bocas sedentas.
Reservado a um girassol chamado amor.

domingo, 9 de agosto de 2009

Recordações

Mãos quentes. Flamejantes.

Seus dedos timidamente vasculham

Meu pescoço, colo, peito.

Curiosos do que já conhecem.


Líguas afoitas nos lábios.

Os lábios com vontades novas.

Dentes, mordidas, língua,

Saliva espalhada na pele.


Os pêlos tocando-se.

Os poros exalando desejo

Misturado com suor.

A pele sobrando lascívia.


Dedos nas coxas.

Barba roçando a nuca.

Respiração tão de perto.

Arrepios consumindo todo o corpo.


As bocas perdem-se no corpo nu.

Dedos passeiam, apertam sem sincronia.

O desejo aumenta, os pensamentos somem.

Calor gigante, tudo molhado.


Eu cheia de você,

Você cheio de mim.

Compassos ritmicos na dança proibida,

Movimentos rápidos, mundo lento.


Desaceleração; abro os olhos,

Você sorri, satisfeito.

Eu sorrio, com gula:

Devorarei-lhe novamente.


Mãos trêmulas acariciam

Meus cabelos embebidos de suor.

Beijos agora doces, línguas anestesiadas.

Silêncios, carinhos e lentidão.


Logo, adormeceremos.

Logo, o desejo chegará ao auge

Novamente; Suas mãos ficarão firmes

Ao tocar minha pele sedenta.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Azul

A maquiagem do rosto borrou.
Havia aquele velho botão de rosa no jardim,
E também um sonho na ponta do dedo.

A rosa desabrocha, desabrocha…
Não, não desabrochou.
Ficou intacta na ponta do dedo.

Assim como o sonho de pintar
Para sempre o céu de cinza.
Azul é tóxico e causa desespero.

E o desespero causa náuseas.
Pobre do botão de rosa!
Não merede o vômito que lhe oferecem.

Em forma de declaração de amor.
Sonho todo descolorido,
Coberto de náusea de alguém.

Tudo bem brega.
Tudo bem clichê.
Tudo bem fim de tudo.

Tudo bem.
Tudo bem sujo.
Tudo bem daquela cor.