Omagio a Eikoh Hosoe, de Cicchine

terça-feira, 28 de maio de 2013

Poema da proteção (ou poema que vale pra dois)

Para um grande amigo e um grande pequeno irmão

Meu pequeno querido,
O mundo é tão grande
E eu tão amarrada a grades,
Tão estática diante de tudo.

Não fique mal, pequeno,
Se eu pudesse, proteger-te-ia
Ao longo da noite fria
E do dia quente. 

Mas o mundo, ao contrário de nós,
É grande demais, pequeno.
Ele nos cerca e nos deixa mal,
E chorar às vezes faz parte do show.

E se há distância, ao menos
Pensando abraços são possíveis.
Aproveitemos enquanto ainda não proibidos.
E que sejam consolos, pequenos consolos.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

O labirinto

Meu coração é um labirinto
Que eu não desenhei.
Meu coração tem pedras
Duras demais nas paredes.

Meu coração é um labirinto
Onde tantos já se perderam.
Meu coração não tem luz
Pra chegar até seu fim.

Meu coração é um labirinto
De flores secas, beijos amarelados,
De pequenos sorrisos velhos
E algumas dores imensas.

Meu coração é um labirinto
Com entradas e sem saídas.
Pessoas entraram e nunca
Mais saíram. Nem sairão.

Meu coração é um labirinto
Tão escuro e vazio
Que eu mesma, sem ciência,
Me perdi completamente.


quinta-feira, 16 de maio de 2013

Aquarela

A aquarela secou.
Não há mais como pintar:
Nem sorrisos, nem dores.
Ser artista é passado.

Sem o roxo,
Morreram todas as amoras,
O vinho secou na boca,
A paixão falhou.

Sem o vermelho,
Acabaram-se as maçãs,
A doçura do primeiro beijo,
E o amor apodreceu.

Sem o amarelo,
Os girassóis caíram por terra,
O sol perdeu-se no infinito,
O sorriso desbotou.

Sem o verde,
Todas as folhas murcharam,
Os pássaros nas gaiolas,
E a esperança erradicou.

Sem o azul,
O céu despetalou,
O avião explodiu,
Você não chegou.