Omagio a Eikoh Hosoe, de Cicchine

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Ela e o amor

Quando ela nasceu, alguém logo lhe avisou:
Vá ao mundo para ajudar, para ser alicerce de pessoas,
Para fazer sorrir, ser força de tudo,
Mas não esqueça: não tente nada de amor!

E lá foi ela, inocente que só
Ser alegria e força na vida alheia.
Cresceu bem, seguiu as instruções,
Exceto por uma.

E logo a mais importante de todas,
Ela toda displicente foi esquecer.
Amou. Ah sim, amou. Entregou-se ao sentimento bonito
Sem memórias e sem medo.

E tão logo lhe veio a dor lancinante
Machucar-lhe aquele pobre coração tão doce
E de inocência e doçura, prometeu aos prantos
Nunca mais amar.

Nunca mais ela seria sonho bom de alguém
Que no final de tanto fazê-la perfeita
Transforma a vida da pobre menina em pesadelo.
Dilacera-lhe o coração de sonho em dor.

Ela tentou mudar. Tentou não ser perfeita.
Desejou desesperadamente ser realidade,
Porque ser sonho dos outros só machucava,
Mas nada feito. Não podia ser assim.

E há quem diga que ela veio à Terra
Pra ser anjo, de tão boa.
E ela, pobre criatura,
Só queria ser gente sem coração.