Omagio a Eikoh Hosoe, de Cicchine

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Apenas mais um de natal

Natal. Ah! O natal. A família reunida, o peru assando, as luzes que brilham sem cansar, embrulhos coloridos em volta da árvore e ainda existem muitos chegando, as fitas, os laços e os sorrisos amarelos. O que sempre me agradou no natal é a falsidade transbordando, em cada sorriso, em cada felicitação, durante a ceia e a troca de presentes. Esse tal de natal deve ser algo muito mágico mesmo, injeta uma alegria artificial nas pessoas, dessas, que até emocionam, resolve temporariamente todas as brigas.

Papai Noel nunca foi dos mais espertos comigo, talvez, fosse esperto até demais. Fingia que não entendia e eu sempre fora obrigada a aceitar e mais que isto, confiar nele no próximo natal.

Não existe maior relação de confiança do que a do Papai Noel e uma criança.

O pior de tudo isso é descobrir que o tal bom velhinho não existe, e que por anos fomos enganados por nossos pais. Justo eles, aquelas duas pessoas que nos ensinaram a nunca mentir. A vida é mesmo uma grande comédia. Quando criança, chorei ao receber esta noticia e hoje, acabo por rir, rio de mim que fui tão inocente. E ainda, agradeço aos meus pais. Não deve ser fácil bancar o papai Noel todos os anos, mas isto é algo que um dia eu vou descobrir.

Mas ah! O natal! As crianças estão agitadas, loucas para abrir os presentes e ganharem aquilo que pediram ao senhor Noel, se elas soubessem da verdade, mas quem sou eu para contar e acabar com a graça delas. A essa hora o cheiro do peru penetra por todos os sentidos e começa a ficar difícil não se contagiar com o espírito natalino, logo logo é hora do amigo-secreto.

Finalmente, para a alegria de todos, especialmente daquela tia que vê que mais tarde terá de cuidar do marido que se acaba em doses de vodka e cervejas, é hora da ceia.

A mesa posta, uma bonita decoração vermelha, a comida perfeitamente organizada e cheirosa, que em poucos instantes já não existirá. Todos comem, o sabor do peru foi justo com o cheiro que este exalava outrora.

O espírito natalino me consome. Já estou brincando com as crianças, já conversei horas (bem, provavelmente conversei cinco minutos, que pareceram horas) com aquela tia que nunca lembra quem eu sou e ainda teima em apertar minhas bochechas. E agora, o melhor da festa: o amigo-secreto.

Na verdade, sou traumatizada com amigo-secreto, sempre ganho um par de meias ou uma panela, mesmo já tendo deixado claro que nem gosto de cozinhar e que já não tenho mais onde guardar meias. Mas como hoje, o espírito natalino ou as doses as mais de álcool me possuíram, estou animadíssima. Este ano ganho um presente decente, quem sabe aquele MP3 player que namoro há tempos, ou um bom vinho.

E lá vem aquele suspense chato e necessário, a brincadeira de adivinhar quem é o amigo. Todos vão ganhando seus presentes e a minha vez que não chega nunca, uma cerveja, mais uma e nada. Opa, chegou a minha vez. Agradeço pra cá, desejo feliz natal pra lá, leio o cartão e abro o presente.

O presente foi aquele de sempre, o importante afinal, é participar e colecionar meias.


Danieli Buzzacaro
19/02/2007

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Poema pra ele

Seu mundo é redondo
mais redondo do que o das pessoas tidas como normais.
ele gira e gira
e a isto ele chama de sonho.

Já não é mais um menino
viveu os verões mais frios
e os invernos mais aquecidos
e a isto ele chama de vida.

Entre linhas tortas e belas
suas estórias se compõem
seu mundo preto e branco.

Sonhos e medos e desejos
em um rosto de menino
e uma mente de homem.

Ele me instiga de um jeito puro
e indescente.
se ele me chama, eu corro
se ele não vem, eu vou
e se ele quer, eu quero mais.

E eu quero, mais do que sempre,
congelar-te e mesmo assim
deixar-te viver
no preto e branco de nunca.

Danieli Buzzacaro29/05/07