Omagio a Eikoh Hosoe, de Cicchine

domingo, 20 de janeiro de 2013

A chuva que alagou o mundo

Está chovendo agora.
Tanto que a rua alagou.
Pessoas molhadas até a cintura,
Formigas aprendendo a nadar.

Chove tanto que o deserto virou mar,
Que a montanha virou casa de cupins,
Que as árvores viraram arbustos
E as flores desapareceram no quintal.

Tudo que havia de sujo e desorganizado,
Agora é limpo em águas torrenciais
E aqueles relâmpagos iluminam o céu
Levando luz a cidade inundada e escura.

No sertão, os homens se apavoram,
As mulheres apertam suas crias contra o peito
E seguram o choro de emoção e medo.
Mesmo temendo a novidade, todos sorriem.

Mas não adianta olhar pela janela,
Você não verá a chuva, não.
Porque ela está aqui dentro,
Dentro de mim é que chove.