Não tenho cor!
Não sou céu,
Não sou maçã,
Nem asfalto.
Que cor é o nada?
Não tenho cheiro!
Não sou rosa,
Não sou lixo,
nem chuva.
Cheiro de incolor existe?
Não tenho idade!
Não sou relógio,
Não sou sol,
Nem calendário.
Quantos anos tem o eterno?
Não tenho sentimento!
Não sou amor,
Não sou ódio,
Nem indiferença.
Como sente-se o invisível?
Tenho apenas a certeza
De onde eu vim
E para onde eu vou.
Tudo para ser perfeita.
Enfim, sou alma.
A promessa
Há 5 anos
2 comentários:
Se você tem a certeza, você não pode ser o nada. Porque o nada, antes de tudo, é incerto.
Meu beijo!
A coerência do texto nasce justamente das idéias que se opõem, penso. As exclamações e as interrogações demonstram um ser querendo mostrar-se como um não-nada, enquanto que tudo leva a crer que o ser é o próprio nada. Nesse contexto o ser acaba sendo nada, mesmo sem sê-lo. A idéia poética é essa, percebo: questionar-se sobre o que se é, enquanto também se questionado o que se entende por ser.
E o texto termina com a "alma" que, assim como o nada, ninguém sabe precisamente o que é ou de onde veio, mas deduz-se que o tal nada voltara a ser nada, se perder este estado algum dia.
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