Ele ainda se masturbava pensando nela. Havia anos que ela
tinha partido, que o casamento precoce havia esfriado toda a paixão adolescente
que tinham outrora. Mas, mesmo não nutrindo mais um pingo de sentimento por
ela, ainda nutria um desejo ardente meio idiota, como se todo o tesão do mundo
estivesse contido nela e nas curvas que ela tinha.
Havia anos que não a via, já nem sabia mais se ela tinha
aquelas curvas que sua lembrança guardou com tanto esmero. Poderia ter
engordado, emagrecido, queimado a pele com o sol, parido cinco filhos, malhado
como louca até ficar com músculos bizarramente maiores que os seus. Também não
tinha a mínima pretensão de sair a procura-la pela vida. Talvez até porque,
fazer isso poderia resultar em perder pra sempre esse eterno tesão adolescente.
E isso, tinha ele na cabeça, significaria envelhecer. Ou melhor,
admitir estar envelhecendo. Ele guardava em seu peito um terror de envelhecer
tão grande que já estava pensando em fazer terapia escondido – já que não
admitia publicamente tal temor.
Entretanto, também não queria admitir ser tão humano e tão
fraco. Imaginava-se no divã de um terapeuta contando: “Eu me masturbo pensando
na minha primeira mulher de quando eu era adolescente pra me manter eternamente
jovem.”. Ele estaria de costas, porém sentiria na nuca os risos abafados pela
mão do terapeuta e um silêncio constrangedor até que este conseguisse parar de
rir e tentasse formular alguma pergunta ou comentário que não fosse “Nossa,
você é um grande babaca! Eu não consigo te ajudar!”.
Havia outro problema que, embora fosse grande, parecia menor
se comparado ao pânico de envelhecer: ele trocava o nome de todas as mulheres com
quem se relacionava pelo da primeira e claro, só conseguia atingir ao clímax pensando
nesta. Na verdade, era como se, mesmo tendo feito sexo com várias mulheres, só
tivesse feito sexo com uma a vida toda.
Isso o deixava louco, mas não parecia haver solução. O pior
era que sempre acabava perdendo a graça no clímax quando a parceira da vez o
olhava com uma cara horrível gritando “Peraí, cê me chamou de fulana? Quem é
fulana?”. Pronto, acabava pra ela, tinha que acabar pra ele porque voltava à
sombra do terapeuta o chamando de babaca.
Elas sempre se vestiam perguntando quem era a tal fulana
vagabunda (porque mulher sempre acha que a outra é vagabunda, mesmo elas sendo
apenas um caso de sexo sem compromisso gostam de uma possível exclusividade) e
você continuava deitando na cama observando a cena e pensando se valia a pena
tentar explicar a história. Sempre concluía que não, porque dificilmente ela acreditaria
em algo tão estranho.
Suspirava profundamente ao ouvi-la batendo a porta ainda
vociferando coisas que há tempos você deixou de escutar porque continuou no que
lhe restava e estava acostumado: Carol, sua primeira mulher, ainda estava ali
nos seus pensamentos tirando a roupa devagar para você e era com ela que
passaria os próximos momentos felizes da vida.
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