Omagio a Eikoh Hosoe, de Cicchine

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Escuro

É escuro e as luzes não clareiam.
Não, as luzes da cidade estão acesas.
Mas dentro de mim é que faz escuro.
E as luzes da cidade vazia não chegam aqui.
Como é que poderia então,
Um vazio preencher outro vazio?

Lá fora faz céu azul.
Mas o azul estragou antes de entrar.
Dentro não chega azul, não chega cinza:
Dentro, cor nenhuma mais há.
Vasculhando uma ponta de cor,
Vejo o negro novamente aparecer.

Tem dias que é tudo cheio.
Tem dias que tem confete e serpentina.
Porém o carnaval já se foi,
E o confete já perdeu a cor e
A serpentina já enrolou-se no ar:
Lama interior descolorindo o carnaval.

Um dia amanheceu multicolorido aqui dentro,
Mas a gente cresce e aprende que as cores
Não são feitas pra durar muito tempo.
Tempo de sorriso colorido,
Tempo de sorriso amarelo.
Tempo de sorriso nenhum.

E o que fazer com a escuridão
Quando a luz da pequena vela é falha?
Esperar o sono que vem com a escuridão.
Que traga cores novas de alegria,
Porque o mundo (e eu) estamos
Cheios de escuro de tristeza.

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