Omagio a Eikoh Hosoe, de Cicchine

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Descoberta

-Já acabou?
-O quê?
-Esse pesadelo horrível. Acabou?
-Mas de que pesadelo está falando? Está louco?
-Não. Está tudo fora de seu lugar, tudo está horrível, tudo é feio e cheira mal, nada tem cor, nada parece doce, monstros terríveis batem a minha porta e me ligam. É um pesadelo dos piores que existem e você está dentro dele também, só não sei quem sonha com quem.
-Ó, doce amigo. Isso que você chama de pesadelo os outros - aqueles mesmos que tem chamam de louco - chamam de vida. É assim que o mundo é, é assim que a vida está. Peço-lhe sinceras desculpas por ser eu aquele que te tira da sua loucura e te mostra que você não irá acordar do pesadelo, porque ele é realidade.
-Mas como? Isso não pode ser vida! Eu li certa vez em um livro, um livro bonito, e lá a vida não era assim, era colorida, era bonita, tinha som, cheiro e alegria.
-Poderá talvez ganhar sua cor um dia, mas o que a gente chama de vida por aqui não é isso. As estórias dos livros por muitas vezes mentem pra fazer a gente sorrir um pouco.


Ele sentou-se no canto, fechou os olhos e desejou profundamente que voltasse ao mundo como o livro lhe contou. Mas isso não aconteceu e seus olhos encheram-se de lágrimas para sempre.

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