Omagio a Eikoh Hosoe, de Cicchine

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Ao mar

Sob o céu nem vida havia.
No obscuro apenas a dança obscena.
Fechei os olhos e ficou o vermelho nu e vazio.

A solidão é um navio procurando seu porto.
Meu porto está logo ali
E não é lá que quero chegar agora.

A dança continua solenemente;
E até convidaram-me a próxima:
Qual a necessidade de dançar quando as pernas estão imóveis?

Mais imóveis que as pernas, está meu coração.
A espera de um navio que talvez não retorne.
Quando nem entre estrelas há vida, qual a necessidade do sangue pulsar?

Observando a dança, de tédio, adormeci.
E tive sonhos que não eram sonhos.
Eram reais na realidade abstrata.

Absorta, eu fitava o mar,
Netuno fitava-me de volta e
Tirando-me a esperança e o pouco de terra morta que me restava, disse:

-Seu navio não volta mais. Saia do mar, aqui não é o seu lugar.
Nem é o navio que espera,
O que te levará para casa.

Danieli Buzzacaro
13 de maio de 2008.

2 comentários:

Jorge Schweitzer disse...

Que legal que você voltou...
E sempre que me procurar eu venho aqui e me vingo da visita...
Pô, vê se não some mais...
E, me explica o seguinte: depois de tanto tempo já aprendeu a fazer miojo?

Jorge Schweitzer

Anônimo disse...

Sabe... eu viajo nas coisas que vc escreve.

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